A cirurgia metabólica tem ganhado destaque como uma estratégia eficaz no tratamento do diabetes tipo 2 e outras doenças associadas à obesidade. Mas junto com sua popularização, surgem também dúvidas, mitos e desinformação. Neste post, o Dr. Leonardo Ferraz esclarece os principais equívocos e traz dados científicos atualizados.
✅ Verdade: A cirurgia metabólica pode controlar (ou até reverter) o diabetes tipo 2
Estudos clínicos de alto nível demonstram que a cirurgia metabólica pode levar à remissão do diabetes tipo 2 em uma parte significativa dos pacientes — especialmente quando feita precocemente.
📌 Estudos mostram que até 80% dos pacientes submetidos à cirurgia apresentaram controle glicêmico sustentado com redução ou suspensão de medicamentos, inclusive insulina.
❌ Mito: A cirurgia metabólica é a mesma coisa que a bariátrica
Embora compartilhem técnicas similares (como o bypass gástrico e o sleeve gástrico), o objetivo principal da cirurgia metabólica é o controle metabólico, especialmente do diabetes tipo 2 — e não apenas a perda de peso.
✅ Diferença principal: a indicação da cirurgia metabólica começa em pacientes com IMC ≥ 30 kg/m², desde que tenham diabetes de difícil controle. Já a bariátrica é voltada para obesidade moderada a grave (IMC ≥ 35 ou 40 kg/m²).
❌ Mito: A cirurgia metabólica é estética
Esse é um dos mitos mais perigosos. A cirurgia metabólica não tem objetivo estético — ela é indicada por critérios clínicos rigorosos definidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), e visa o tratamento de doença crônica e progressiva (diabetes tipo 2).
✅ Verdade: A cirurgia metabólica melhora outros problemas além do diabetes
Além de ajudar no controle glicêmico, a cirurgia metabólica pode reduzir pressão arterial, colesterol, triglicerídeos, melhorar a função renal e diminuir o risco de doenças cardiovasculares.
📌 Estudos mostram que pacientes operados têm redução de mortalidade cardiovascular em até 40% ao longo de 10 anos.
❌ Mito: É uma cirurgia de risco muito alto
Como qualquer procedimento cirúrgico, existem riscos. No entanto, a cirurgia metabólica moderna é considerada segura, especialmente quando realizada por cirurgiões experientes e com suporte multidisciplinar.
✅ A mortalidade cirúrgica está abaixo de 0,3%, semelhante ou menor que a de outras cirurgias comuns, como colecistectomia ou histerectomia.
✅ Verdade: É preciso acompanhamento médico para o resto da vida
Isso é verdade — e essencial para o sucesso do tratamento. O paciente precisa de acompanhamento com equipe multidisciplinar (endocrinologista, cirurgião, nutricionista e psicólogo) para manter os resultados a longo prazo.
❌ Mito: Todo diabético com IMC ≥ 30 kg/m² pode operar
Nem todos. A indicação depende de critérios clínicos como:
Diagnóstico de diabetes tipo 2 com controle inadequado
Uso de múltiplas medicações sem resposta adequada
Avaliação por equipe médica especializada
Cada caso deve ser avaliado individualmente, conforme as normas da Resolução CFM n.º 2.429/2025.
Considerações finais
A cirurgia metabólica é uma ferramenta poderosa e baseada em evidências no tratamento do diabetes tipo 2. Mas não é solução mágica: exige comprometimento, equipe qualificada e acompanhamento contínuo.
Se você tem diabetes tipo 2 e está buscando novas opções terapêuticas, procure uma avaliação especializada com um cirurgião certificado e com experiência comprovada.
Sobre o Dr. Leonardo Ferraz
Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo, Cirurgia Geral, Cirurgia Videolaparoscópica e Cirurgia Robótica, o Dr.Leonardo Ferraz é um profissional de alto nível técnico que busca aperfeiçoar-se a todo momento. Mestre em Cirurgia Minimamente Invasiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fez estágio de aperfeiçoamento no NorthWestern Memorial Hospital da NorthWestern University-Chicago, EUA, e possui certificação em Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Cirurgia Oncológica Digestiva e Cirurgia Robótica.
Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (Sobracil), membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e, por reconhecimento, recebeu o título internacional de Fellow do Colégio Americano de Cirurgiões (FACS)/